Rapariga sem linguaA jovem brasileira Auristela Viana da Silva, de 23 anos, nasceu sem língua, porém, devido à equipa médica liderada pelo cirurgião Frederico Salles, agora consegue mastigar e exprimir-se.
Segundo a Universidade de Brasília, numa apresentação no caso de Auristela, esta é “uma anomalia que leva à morte”. Muitas vezes, os bebés que nascem com esta deficiência, conhecida como aglossia congénita isolada, não conseguem comer, motivo pelo qual acabam por morrer. A jovem brasileira sobreviveu devido à invenção da sua mãe que consistia num biberão em que o leite entrava diretamente na garganta.
Este caso fora do vulgar surpreendeu os médicos. “Ela chegou até mim em 1996 quando ainda não tinha orientação médica”, explicou o cirurgião maxilofacial Frederico Salles ao jornal Correio Braziliense.
O caso desta jovem é bastante raro. Na literatura médico-odontológica só existem dois casos semelhantes ao seu. O médico afirma ainda que “geralmente, a aglossia vem acompanhada de uma série de outros problemas, como a inversão dos órgãos, lábio leporino, amputação dos dedos e disfunções na tiróide”. No entanto, nada disso se verificava no caso de Auristela.
O médico dentista foi responsável pelas duas cirurgias de Auristela, realizadas em 2003 e 2004. “Descobri uma solução para paliar a ausência da língua: alargar o osso do maxilar recorrendo a um equipamento semelhante àquele que se utiliza nos hospitais para o tratamento das pernas amputadas”. Com as intervenções cirúrgicas foi possível alargar o maxilar em 20 milímetros, o que permitiu à jovem falar.
Auristela foi acompanhada durante 16 anos por vários especialistas, incluindo terapeutas da fala e psicólogos. Recentemente, a jovem deu uma palestra na Universidade da Brasília, onde estuda enfermagem, durante o evento disse querer motivar outras pessoas com histórias semelhantes à sua.